terça-feira, agosto 12

Á comunidade do Pirajussara





Morar na periferia de São Paulo é muchar ou se xingar por dentro,no transporte que é uma epopéia podre,humilhante, até à escravidão das cozinhas,escritórios ou esquinas do centro a cada dia. (Será que já é morada de aluguel, a condução que toma até seis horas por jornada? Que cobra preços de litro de leite, cada vez que rodamos a catraca?). “Esconde o endereço, fio. Põe o da vó!”, pra conseguir registro em carteira. Morar nas bordas da cidade é sonhar abrir uma birosca na entrada, colada no portão. Planejar um comércinho pra aliviar a carga, remediar o prato. É zonzeira e o necrotério dos prontos-socorros, açougues de avental branco, com três vigias pra cada médico.
É temer a chuva, com esgoto transbordando e se exalando, se convidando pra visitar o mocó.O bueiro metralhando as narinas. Há quem chegue a passar o papel higiênico no ar, querendo limpas a brisa. Córreguinhos: a saliva cariada da cidade. Aluga alaga aluga alaga. Tábua, tomba, tauba, taba.




>>> trecho de: Morada >>> Edições Toró :::
fotografias de Guma
escritos de Allan da Rosa




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